A primeira grande vaga migratória manifestou-se por volta dos anos 80/90 do século passado, mas o perfil de quem chega do Brasil para residir em Portugal mudou muito ao longo dos tempos.
Enquanto que, até aqui, a comunidade brasileira se empregava em Portugal essencialmente nos setores de serviços, da construção civil e noutras áreas semelhantes, por falta de formação, atualmente assistimos a uma “migração qualificada, mas que depois muitas vezes não encontra colocação, como é o caso de profissionais de saúde, de tecnologias de informação, de jornalistas, psicólogos e engenheiros, por exemplo, que depois, de um modo geral, acabam por inserir-se nos setores dos serviços, dos cuidados aos idosos, na restauração e na construção civil”.
Segundo o SEF, os brasileiros mantêm-se como a principal comunidade estrangeira residente no país, representando no ano passado 29,8% do total, o valor mais elevado desde 2012. O documento avança que, no final do ano passado, viviam em Portugal 204.694 brasileiros, sendo também a comunidade oriunda do Brasil a que mais cresceu em 2021 (11,3%) face a 2020.
Embora seja residual o número de grandes empresários que tenham vindo para Portugal realizar investimentos, há pequenos empreendedores que vêm para apostar em áreas como o turismo e os serviços, “e que agora [2021], devido à pandemia, se encontram bastante aflitos, dada a perda de rendimentos, desde os grandes investidores aos pequenos independentes.”
A comunidade brasileira em Portugal começou por concentrar-se em Lisboa e nos arredores, representando esta cidade ainda o ponto onde a comunidade é mais visível de acordo com a estimativa do SEF.
A seguir à capital, a cidade mais procurada é o Porto,Setúbal,Faro e Braga.
Um dos fatores que mais traz os cidadãos brasileiros a Portugal é, de acordo com a presidente da Casa do Brasil de Lisboa, a procura de uma vida mais tranquila. “Desde os anos 80/90 que a migração de brasileiros para Portugal é bastante expressiva e neste aspeto as políticas migratórias portuguesas desempenham um papel muito importante. Sabemos que, desde que se entregam os documentos para pedir a regularização, podemos ter de aguardar dois, três, por vezes quatro anos, mas sabemos que, se fizermos o nosso papel, acabamos por conseguir obter a autorização de residência.”
A ideia de haver uma cultura comum e uma língua que é próxima são fatores de atração. Também o ensino é um fator determinante. “Podemos dizer que 20 a 30% dos estudantes chegam do Brasil e vêm investir em Portugal através do pagamento de propinas escolares para realizarem os seus estudos na Europa.”
Em larga medida, Portugal parece representar também um lugar de continuidade de vida para a comunidade brasileira em Portugal. “Chegam agora muitas pessoas já com 35, 40 anos, que vêm com as suas famílias. São profissionais qualificados e muito informados que procuram uma melhor qualidade de vida, algo mais tranquilo do que tinham no Brasil. São pessoas que visitaram o país, que vieram de férias e que decidiram ficar, tal como acontece com os estudantes, que muitas vezes preferem permanecer entre nós após concluírem os estudos.”
Os incentivos destinados às faixas etárias mais elevadas representam, igualmente, um forte atrativo. “Já em idade de reforma, muitos brasileiros vêm fazer férias a Portugal e decidem ficar, muitas vezes aproveitando o melhor de cá e o melhor do Brasil. No nosso verão ficam em Portugal e depois rumam ao Brasil para desfrutar da estação quente no seu país de origem.”
O interesse que a comunidade brasileira tem por Portugal já não é de hoje. “Há cerca de 30 anos que Portugal é um lugar que interessa aos brasileiros e julgo que continuará a ser. Há, de facto, a ideia de que pode ser um país acolhedor, embora haja ainda muitos preconceitos e estereótipos, especialmente em relação às mulheres, mas o balanço acaba por ser positivo.
É verdade que a comunidade brasileira em Portugal inicialmente tende a conviver mais com os próprios brasileiros e com outros estrangeiros do que com os portugueses em virtude dos preconceitos que ainda existem, mas com os anos acaba por estabelecer relações mais fortes com os portugueses. O clima também é muito apetecível, o acesso à cultura é muito democrático e a verdade é que, para quem fica, a balança acaba por ser francamente positiva.”
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